“A fotografia é a poesia da imobilidade: é através da fotografia que os instantes deixam-se ver tal como são.”

7 de fevereiro de 2008

Mosteiro de Santa Maria de Salzedas.




Mosteiro de Santa Maria de Salzedas
Interior dos Claustros do Sec. XVII

EREMITÉRIO DA SALZEDA



A penumbra que envolve os primeiros tempos da nossa nacionalidade adensa-se à volta da história da fundação do mosteiro de Salzedas, à qual andam ligados os nomes de D. Teresa Afonso, D. Dinis e ainda outros reis, sobretudo da primeira disnatia.
Debruçaram-se sobre o problema, ao longo dos anos, entre outros, Rocha, Brito, Fr. Baltasar dos Reis, Viterbo, e Leite de Vasconcelos, o filho mais ilustre de Ucanha, o abade Moreira, que muito honrou o actual conselho de Tarouca, Almeida Fernandes, Manuel Gonçalves da Costa, etc., mais recentemente.
Não podemos nós confrontar opiniões para deduzir razões de quem as tem melhores, nem somos tão ricos de informes, que possamos menosprezar os seus estudos. Pelo contrário, esforçamo-nos por destacar a dificuldade, se não a impossibilidade, de fazer incidir sobre a fundação do mosteiro um feixe de luz que nos deixe sem duvidas a tal respeito, coligindo, para o efeito, tudo quanto nos autores acima referidos nos possa servir.
Salzeda era um lugar onde hoje é a Abadia Velha, distante da Salzedas cerca de 1500 metros, na confluência dos rios Varosa e Torno, hoje Galhosa ou ribeiro de Salzedas, em cuja encosta havia eremitério dos eremitas de Santo Eremitas, de Fr. A. da Purificação, tal eremitério era posterior à reedificação do de Santa Marinha, no ano 888.
Nessa época, Afonso III, filho de Ordonho I, chefe dos cristãos das Asturias e Galiza, preseguia os serracenos, empurrando-os para o sul, voltando estes, em correrias, a assolar os seus territórios, ao norte. Não custa acreditar que esse eremitério fosse consequência do repovoamento que se segui à reconquista de 887, neste região ao sul do Douro.
No testamento de Flámula, sobrinha de Mumadona, lavrado em 960, escreve L de Vasconcelos (MMB), fez aquela senhora vários legados ao mosteiro de Saliceta é tradução de Salzeda, continua o mesmo autor, pois D Flámula possuía, não longe de Salzedas, a vila ou Quinta de Lalim e daí lhe adviria a devoção que mostrou com os frades.
Almeida Fernandes, porém, refuta a afirmação do autor das Memórias de Mondim, dizendo que o mosteiro de Saliceta era « el de salceda em que vivia D. Aragunta» e que existia cerca de Tui.
Fr. Baltasar dos Reis cita, no entanto, a propósito da origem remota de Salzedas, a data de 1057, fundado num obituário do mosteiro, onde consta como benfeityora D. Sancha Vasques Gotmão.
Sem podermos contestar o valor de tal documento, não temos razões para duvidar que, desde o séc. X, o eremitério dos eremitas de Santo Agostinho tivesse vida naquele ambiente de « clausura em que o encerram altas montanhas de todas as partes».
É possivel Também que já nessa altura, ou pouco depois, existisse, mais a leste, a vila de Argeriz com a sua igreja ( S. Salvador de Argeriz), junto da qual existia outra, a de S. Pedro de Argeriz ( não muito longe, talvez, da actual eremida de S. Pedro, em Salzedas), que em 1123 pertenciam a um presbítero chamado Elias.
Do eremitério de Salceda ou Salzeda, assim chamado por rezão dos muitos salgueiros que enste sittio avia (Fr. Baltazar dos Reis), nada ou mui pouco existe, apesar de haver-se mantido activo nesse local o fervor religioso até ao ano de 1460, segundo aquele autor.
Espalhadas pela encista que da estrada cai sobre o Varosa, lá ao fundo, algumas pedras sigladas em muros de suporte, transplantadas outras para o chão de uma capelinha existente ao começar a ladeira, uma fonte antiquíssima, onde a água límpida se via nascer através das juntas do lajeado (por certo, a fonte de Salzeda a que se referem documentos do séc. XII), pedras de supulturas expostas nos socalcos, é tudo o que hoje se vê do antigo eremitério ou do mosteiro descobertos da igreja, a que adiante se fará referência, do primeiro mosteiro.
Em baixo, entre salgueirais, o Varosa casa-se com o Torno, e, juntos apertados nas penedias sobranceiras, descem para Vila pouca.
Qual terá sido a vida desse eremitério?
Não sabemos. Julga-se que ele teria sido reformado, dando origem ao mosteiro, embora modesto, que nesse sitio se levantou.


Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas.






Interior da Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas

Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas.




Mosteiro de Santa Maria de Salzedas

Nas margens do rio Torno ou Galhosa encontramos uma das jóias cistercienses do Norte de Portugal, a Abadia de Santa Maria de Salceta. Edifício de raiz românica, assistiu a obras góticas, renascentistas, maneiristas, barrocas e neoclássicas, deixando ao visitante um sedutor emaranhado de estilos. Aproveitando, possivelmente um templo alti-medieval, os monges beneditinos constroem no início do século XII, a igreja primitiva de Salzedas. No ano de 1163, D. Afonso Henriques doa o Couto de Algeriz (depois chamado de Salzedas) a D. Teresa Afonso, viúva de Egas Moniz, para que esta o oferecesse aos cenobitas de Salzedas, dando, deste modo, início ao território do mosteiro tarouquense. Mais tarde, em 1196, a comunidade religiosa coloca-se sob a alçada dos monges de Cister e, no primeiro quartel do século XIII, assiste à conclusão e a sagração da igreja acontece no ano de 1225.
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