“A fotografia é a poesia da imobilidade: é através da fotografia que os instantes deixam-se ver tal como são.”

29 de março de 2009

Igreja Românica de São Pedro das Águias

Granjinha - Tabuaço



Apesar da incerteza dos dados quanto ao traçado exacto dos caminhos medievais fora das regiões do Entre-Douro-e-Minho, durante o séc. XII, podemos verificar que, geralmente, o eremita adoptava um isolamento relativo, à beira de estradas, algumas delas até de maior importância.Não quer isto dizer que o movimento eremítico seja condicionado apenas pela rede viária ou uma consequência do repovoamento.Os centros religiosos que fundavam, por mais humildes que fossem, atraíam ainda outros habitantes e foram, por sua vez, origem de núcleos habitacionais. É provável que alguns núcleos habitacionais se tenham desenvolvido também no concelho de Tabuaço com uma origem eremítica. O Mosteiro de S. Pedro das Águias poderá ter sido inicialmente um cemitério.Partindo para outras abordagens, é por demais indispensável falarmos do património artístico, mormente aquele que se relaciona com a arquitectura medieval do concelho. É a arquitectura religiosa de estilo românico que ganha aqui a maior importância.
Assim sendo, e em relação ao mundo da arte, o concelho de Tabuaço tem alguns exemplos de um estilo particular que hoje se assume como o primeiro estilo verdadeiramente europeu. Constitui por si um ponto de comunhão entre o espaço da cristandade desde o Oriente europeu (Alemanha, Polónia) até ao Ocidente (Península Ibérica) - o Estilo Românico. Com a sua arquitectura atingiu-se uma plena homogeneidade que até aí nunca tinha sido conseguida dado o grande número de influências externas que, ao nível de outras manifestações, utilizaram continuamente.
Em termos gerais, o Românico aparece como uma arte original e pura, levada a cabo por objectivos ideológico/teológicos bastante concretos. Encerra-se em si e dispõe-se a constituir como que uma espécie de "imagem de marca" que desde o Império romano não era atingida. Esta arte expandiu-se por um espaço geográfico que caminhava, a pouco e pouco, para uma unificação religiosa.

São vários os exemplos deste estilo ao nível da nossa arquitectura. Desde as grandes edificações, às igrejas ou construções menores.
Assim sendo, e contrariamente às grandes edificações associadas à iniciativa régia ou episcopal, como por exemplo Sta. Cruz de Coimbra, S. Vicente de Lisboa - que se instalam nas grandes cidades da época (Lisboa, Porto, Coimbra, Braga) para cuidarem das necessidades espirituais e culturais das comunidades mais importantes do reino -, aparecem-nos grande parte dos conventos e mosteiros edificados em meios plenamente rurais. Os monges procuravam frequentemente o isolamento para se dedicarem à oração e contemplação espiritual.A implantação destes locais de culto, particularmente os edifícios de estilo românico,assumem-se como uma refundação invocando quase sempre uma sacralidade do local.A igreja românica de S. Pedro das Águias foi fundada no local onde, segundo a lenda,Ardinga - filha do rei mouro de Lamego - foi morta devido ao seu amor por um cavaleiro cristão, D. Thedon.É à volta de grande parte destes mosteiros que pequenas povoações se desenvolvem. Em primeiro lugar com as habitações dos servos domésticos dos mosteiros e das suas famílias, depois com todo um conjunto de indivíduos que procuram, "para além da maior proximidade com Deus", os benefícios de ordem vária que o mosteiro tinha para oferecer.
O próprio desenvolvimento da freguesia de Távora deve ter beneficiado em muito com a edificação do mosteiro de S. Pedro das Águias. Outro exemplo é a igreja românica de Santa Maria do Sabroso que, desde tempos antigos, recuando decerto à Idade Média, serviu de paróquia às populações das freguesias envolventes. Importante também a de Barcos, ainda que o seu românico não seja tão visível como o da Igreja de S. Pedro das Águias. A existência de um corpus onde constassem todas as edificações de estilo românico no nosso País ajudar-nos-ia a dissipar muitas das dúvidas que se nos colocam. Na verdade, são escassas ou mesmo quase inexistentes as informações científicas minimamente credíveis relativas às edificações românicas de Tabuaço. Urge um estudo exaustivo das mesmas, competindo tal tarefa a um especialista do tema.
Todavia, e com as devidas reservas, é provável que as origens da igreja de S. Pedro das Águias remontem à segunda metade do século XII ou mesmo à primeira, surgindo talvez já na transição para o século XIII o mosteiro que lhe fica próximo.

1 comentário:

Pizarro disse...

Buen comentario, y excelente fotos,un saludo.

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olharesmil

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